O empresário Reinaldo Yasuyuki Tsuchiya, de 54 anos, foi preso na última quarta-feira (29) por suspeita de tentar matar sua própria filha, Bruna Miho Tsuchiya, a golpes de terçado. O crime ocorreu na cidade de Bragança, região do Salgado paraense. A Polícia Civil está investigando o caso como tentativa de feminicídio. Durante a audiência de custódia realizada na quinta-feira (30), a Justiça do Pará manteve a prisão do empresário e concedeu medidas protetivas em favor da vítima, que sofreu lesões no rosto, pescoço, braços e pernas.
“A Polícia Civil informa que equipes da Delegacia de Bragança apuram o crime de tentativa de feminicídio. O suspeito foi preso e permanece à disposição da Justiça”, diz o comunicado da PC.
A reportagem teve acesso ao documento da audiência de custódia desta quinta-feira, que revelou que o crime ocorreu na Pousada Fuji, propriedade de Reinaldo. Bruna relatou à polícia que se refugiou em um dos quartos da Pousada Fuji para se proteger do comportamento agressivo de seu pai. A motivação do crime não foi detalhada. Ela contou que Reinaldo ameaçou entrar no cômodo para matá-la e ligou para a mãe pedindo ajuda.
Bruna conseguiu fugir do quarto, mas tropeçou e caiu, momento em que Reinaldo a segurou pelos cabelos e a agrediu com um terçado. Bruna sofreu golpes no rosto, pescoço, braços, pernas e nádegas. “Enquanto batia na vítima com um terçado, dizia que ela morreria ali e que se fosse preso, um dia sairia e iria atrás da vítima para matá-la”, diz um trecho do documento. Reinaldo tentou esfaquear a barriga da filha, que se defendeu com as mãos e sofreu cortes que precisaram ser suturados em uma unidade de saúde.
A Polícia Civil recebeu uma denúncia anônima e foi até a Pousada Fuji, onde encontraram Reinaldo com um terçado em punho, segurando a vítima pelos cabelos. O empresário foi preso em flagrante. Como também estava machucado, ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bragança para atendimento médico antes de ser conduzido à delegacia para os procedimentos cabíveis. O documento não especifica se Bruna também foi levada à UPA.
Medidas Protetivas
A Justiça do Pará, durante a audiência de custódia realizada na quinta-feira, determinou medidas protetivas em favor da vítima. Reinaldo está proibido de se aproximar a menos de cem metros da filha e de frequentar os mesmos locais que ela. Ele também não pode manter contato telefônico, pela internet ou qualquer outro meio de comunicação com a vítima, nem se aproximar da residência de Bruna a menos de cem metros.
Risco à Ordem Pública
A decisão da Justiça levou em consideração o grau de periculosidade de Reinaldo. “Oferece riscos à ordem pública, pois atentar contra a vida de uma pessoa, sua própria filha, denota a periculosidade do suposto agente”, afirma o documento. “Os fatos são graves. O autuado aparentemente não demonstra respeito pela integridade física de seus semelhantes, uma vez que, agindo de forma extremamente violenta, perseguiu, ameaçou de morte, agrediu e feriu sua filha com um facão, produzindo sérias lesões em todo o corpo da vítima, somente cessando as agressões devido à interferência de agentes policiais que o flagraram no momento dos fatos com uma arma branca em mãos como se fosse golpear a vítima com o referido terçado”, aponta a Justiça.
Vítima se Manifesta nas Redes Sociais
Bruna Tsuchiya usou as redes sociais na quinta-feira para comentar sobre o episódio de agressões. Após mostrar algumas imagens das lesões sofridas, ela afirmou que chegou a achar que não sobreviveria. “Vivi um pesadelo. A sensação de que minha vida acabaria ali, de repente. A certeza de que seria meu último dia. Um pai que mata seu próprio filho. Como um pai teria coragem de fazer uma coisa dessas? Existe uma justificativa?”, questiona a jovem.
Em outro trecho, Bruna relata que ouviu várias versões sobre o que havia ocorrido e as considera mentirosas. “Li tantas mentiras e barbaridades sem sentido sobre o que aconteceu, e fiquei pensando em como algum ser humano ainda consegue se aproveitar de uma situação dessas pra espalhar inverdades, inclusive o agressor covarde para tentar se livrar da culpa. Mas, tudo bem. Não me surpreendo. E pode ter certeza que tudo isso é muito pequeno perto do terror que vivi e da dor de ver que a pessoa que me deu a vida seria capaz de tirá-la”, declara.
Bruna também relatou que só conseguiu escapar graças à chegada da polícia. “Se a polícia não chegasse a tempo e o prendesse em flagrante, hoje provavelmente não estaria aqui”, afirmou. “Estou com pontos, hematomas pelo meu corpo, trauma, medo, mas com vida! Espero que o que aconteceu comigo sirva de alerta para muitas mulheres que passam por esses abusos. Seja com pai, marido, namorado… não espere acontecer o pior. Agora só resta esperar pela justiça!”, finalizou a jovem.