Suspeito indiciado pela morte de Jeff Machado confessou a ocultação do corpo do ator, diz polícia

Jeander Vinícius da Silva Braga depôs na sexta-feira (26), na Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), e contou que foi obrigado por uma terceira pessoa a colocar e transportar o corpo em um baú.

O nome de uma pessoa que não tinha sido revelado pela polícia na investigação da morte do ator Jeff Machado, de 44 anos, está entre os dois indiciados pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) por homicídio e ocultação de cadáver nesta quarta-feira (31). A delegacia também pediu sua prisão à Justiça.

Trata-se de Jeander Vinícius da Silva Braga, de 29 anos, que depôs no caso na última sexta-feira (26), e confessou participação na ocultação do corpo de Jeff. No entanto, ele foi indiciado também por participação no homicídio, e não só pela ocultação do cadáver.

De acordo com trecho de depoimento dado à DDPA, e a que o g1 teve acesso, Jeander e Jeff teriam se conhecido em um aplicativo de encontros e, no dia 23 de janeiro, o homem teria ido à casa do ator.

Versão do suspeito
Lá, eles estariam acompanhados de uma terceira pessoa. Em dado momento, Jeander teria ido tomar banho, onde teria ficado por 15 minutos. Ao sair, teria encontrado Jeff deitado na cama, com um fio no pescoço, já morto.

A terceira pessoa, segundo o depoimento de Jeander, e que não é Bruno de Souza Rodrigues, o outro suspeito do caso -, teria dito que “é isso que faz com quem passa HIV para os outros”.

A partir desse momento, Jeander teria sido obrigado por essa terceira pessoa a participar da ocultação do corpo de Jeff, colocando no baú e transportando-o para Campo Grande, na Zona Oeste do Rio – onde foi encontrado depois pela polícia.

Versão da polícia
Apesar da confissão e da implicação de um terceiro elemento, a polícia diz não acredita que haja uma terceira pessoa envolvida, e que essa versão é fantasiosa.

De acordo com depoimentos e investigações realizadas pela DDPA, apenas Jeander e Bruno de Souza Rodrigues estavam no local com Jeff e tiveram participação na morte. Ambos foram indiciados nesta quarta-feira por homicídio triplamente qualificado.

Bruno tamém teve sua prisão pedida para a Justiça.

Procurado pelo g1, o advogado Jairo Magalhães, que representa a família do ator, disse que a versão é fantasiosa e tem por objetivo tentar desqualificar a vítima.

“Não existe elemento na investigação que aponte para uma outra pessoa na cena do crime. O que ele está tentando fazer é desqualificar a vítima, como se isso justificasse um homicídio brutal e premeditado”, disse.
Jeander Vinícius da Silva Braga tem passagem por roubo, e estava em período de prova, em que teria que cumprir uma série de medidas determinadas pela Justiça por dois anos.

Os dois indiciados são:

Bruno de Souza Rodrigues, que já era considerado suspeito no caso e, segundo a família de Jeff, estava com cartões os bancários e as chaves do carro e da casa do artista. Também foi Bruno quem registrou o desaparecimento do ator;
Jeander Vinicius da Silva Braga – segundo as investigações, ele tinha uma relação próxima com a vítima; até a última atualização desta reportagem, não haviam sido divulgados detalhes sobre a suposta participação dele no crime.
Apenas Bruno já tinha sido divulgado como suspeito no caso. Jeander, segundo as investigações, conhecia Jeff e tinha uma relação próxima com a vítima. O caso foi encaminhado ao Ministério Público.

Uma das linhas da investigação diz que o ator teria sido enganado com a promessa de entrar em uma novela.

Bruno de Souza Rodrigues trabalhou na Globo até 2018, quando foi demitido pela empresa. Em nota, a Globo informou que forneceu neste domingo (28) à polícia os detalhes do desligamento.

Além dessa, a Delegacia de Descoberta de Paradeiros, no Rio, já fez um cruzamento de informações que indicam que Jeff Machado, de 44 anos, morreu no fim de janeiro (leia mais abaixo nesta reportagem). Essa é a data apontada pela mãe do ator, Maria das Dores Machado, para o fim da comunicação direta com ele e o início da troca de mensagens só por texto no WhatsApp.

Compras com cartão da vítima
A fatura do cartão de crédito do mês de fevereiro de 2023 do ator Jeff Machado foi entregue à polícia na segunda-feira (29). Ela mostra movimentações suspeitas após o dia 23 de janeiro e nos dias que se seguiram:

1ª Transação no dia 23/01/2023 de R$ 22;
2ª Transação no dia 25/01/2023 de R$ 680;
3ª Transação no dia 25/01/2023 de 2 parcelas de R$ 750;
4ª Transação no dia 26/01/2023 de 3 parcelas de R$ 1.063,34.

Totalizando uma movimentação suspeita de R$ 5.392,02.

“Achamos que essa fatura pode conter pistas que podem ajudar a polícia a identificar os envolvidos na morte do Jeff ou trazer outros elementos importantes para a investigação”, disse Jairo Magalhães, advogado que representa a família do ator.
Além da movimentação no cartão de crédito, houve também movimentação na conta bancária do ator, o que também já foi notificado à polícia.

“Falei com o meu filho no dia do aniversário dele, dia 19 de janeiro, e no dia 21. A partir do dia 23 eu ligava para ele e ele dizia: ‘Não posso falar, mãe’. E respondia umas coisas escritas no WhatsApp que eu sentia que não era o meu filho que estava escrevendo”, contou.
Um amigo de Jeff, o veterinário André Meirelles, contou que falou com ele no dia 22 de janeiro, por conta de seu aniversário, que Jeff o teria parabenizado.

Depois, no episódio do encontro dos cachorros em bairros da Zona Oeste, André teria sido acionado via WhatsApp, supostamente por Jeff, para ajudar a acolher os animais.

By Godofredo Mofarej

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