Ele nasce com uma aparência semelhante à de uma mosca. A coloração vermelha ao redor da cabeça e dos olhos confunde os pássaros, o que é crucial para sua sobrevivência na vida selvagem.
Além da aparência, o besouro imita os movimentos das moscas, como o friccionar das patas e a maneira como se locomove pelas plantas. Esse comportamento visa evitar predadores, pois os pássaros tendem a ignorar insetos que parecem ser rápidos e difíceis de capturar.
“Tatuado” desde o nascimento como uma mosca, o besouro instintivamente reproduz os gestos e movimentos das moscas. Ele se alimenta principalmente dos ovários das plantas, o que o torna vulnerável aos predadores enquanto está preso no vegetal. Nesses momentos, ele adota os movimentos das moscas como estratégia de defesa”, explicou Tadeu Guerra, biólogo responsável pela pesquisa.
Este inseto, conhecido como Timorus sarcophagoides ou gorgulho-mosca, foi descoberto na Serra do Cipó, na Região Central de Minas Gerais. Antes desta pesquisa, a espécie não havia sido formalmente descrita pela ciência, embora exemplares tenham sido encontrados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A pesquisa, iniciada em 2009, foi publicada online na revista The American Naturalist, renomada na área de ecologia e evolução. Ela será também incluída na edição impressa da revista em julho.
Eficiência da imitação
Para avaliar a eficácia da imitação, os pesquisadores utilizaram uma técnica incomum: massinha de modelar. Alguns besouros foram pintados para se assemelharem a moscas, enquanto outros receberam menos pintura ou nenhuma cor. Essa abordagem permitiu uma análise rápida, evitando a espera por observações naturais que poderiam ser demoradas.
Os resultados mostraram que os besouros mais parecidos com moscas foram menos atacados por predadores, demonstrando a eficiência da estratégia de mimetismo para sua sobrevivência.
